«Famílias, migrações e sexualidade em Cabo Verde» Pierre-Joseph Laurent

Título: Famílias, migrações e sexualidade em Cabo Verde
Autor: Pierre-Joseph Laurent

Género: Sociologia
Ano: 2020
ISBN: 978-989-8894-47-2 
Formato: 16 x 23,5 cm

Páginas: 596
P.V.P.:


 

Porque é que uma família tão flutuante, para não dizer passageira, ou mesmo ilusória, como a família cabo-verdiana poderia ser considerada como sendo particularmente bem adaptada às condições deste início de século?
Muito antes do aparecimento da Internet, desde quase cento e cinquenta anos, confrontada com a migração, esta sociedade insular soube domesticar a distância que separa de forma duradoura os membros de uma família. Ani­mados por uma energia contagiosa, eles inventam pouco a pouco a "família a distância". Que família estranha, na qual o casamento parece ter desaparecido, onde as mulheres criam os seus filhos sozinhas, onde os casais vivem muito tempo separados e onde as crianças são confiadas a cuidadoras! Contudo, uma questão importante liga os membros dessas famílias: a transmissão do "capital migratório", considerado como um bem precioso. Salvo raras exceções, como durante as férias, os casamentos e os funerais, os membros dispersos da "família a distância" reencontram-se. Vividos com muita intensidade, esses momentos efémeros suscitam as interações. A família corporiza-se de novo: ela reajusta-se e transmite histórias. As selfies encarregam-se depois de prolongar a memória.
Treze anos, e vinte e sete viagens a Cabo Verde e à região de Boston, nos Estados Unidos, onde vivem duzentos e sessenta mil Americanos cabo-verdianos, foram necessários para reconstituir a história dessas "famílias a distância" ao longo de várias gerações. Amor e pragmatismo é o resultado de uma experiência humana adquirida de uma vida partilhada com essas famílias. Através de relatos pormenorizados, com sustentação e por vezes emocionantes, o autor convida o leitor a compreender os fundamentos da sociedade cabo-verdiana e mais além, leva-o a conhecer formas contemporâneas de viver a família.
Em filigrana, e dialogando com o antropólogo do parentesco, a obra interroga-se de novo sobre o enigma que é a família matrifocal. A sociedade cabo-verdiana é deste modo descrita como o resultado de uma história que instituiu uma sociedade de "alianças confinadas e de visitas".